domingo, 15 de abril de 2012

Depoimento para Revista FOLHA

A convite da FOLHA SP fui a uma balada Gay e descrevi neste texto.

O texto na integra


Chego na balada The Week com meus dreads, camisetão. Na revista, o segurança encontra alguns papéis no meu enorme bolso e pede para que eu lhe entregue o restante. Tiro tudo, mas ele acha que na minha calça larga devia ter muita coisa escondida.
Peço para que verifique com atenção os tais papéis, ele abre, olha e cheira, era o pacote de pão de queijo. Bateu nas minhas costas e disse: “Você deu sorte”. Aquilo me enfureceu.
A casa, muito bem equipada, ainda não está cheia. A maioria são homens. Sou um freqüentador de bailes da periferia, onde mulher entra na faixa para atrair o maior número de pessoas para a festa, porém aqui além de pagarem, elas ainda pagam mais caro do que eles.
Mas isso não afasta algumas, que se vestem de modo muito parecido, com vestido curto e justo mostrando suas belas pernas. Para quê? Não sei. Mas, pra quem gosta, fica a dica.
O banheiro, eu diria, um tanto afrodisíaco, possui alguns mictórios, nenhum vaso sanitário, e algumas árvores e um espaço grande no fundo. Pra quê? Uh...
Na pista uns rapazes malhados, cheio de tatuagens, e alguns sem camisetas dançam ao som das músicas eletrônicas, este não é o meu som favorito, mas acho maneiro. E o fato de serem gays também não estranho, pois fiz teatro e aprendi a conviver e a respeitá-lo.
Em determinado momento, quatro gogo boys sobem nuns palquinhos levando a galera ao êxtase. Vou para o centro, acompanhado da minha namorada, desviando o olhar para não despertar falsas esperanças.
O clima, apesar da euforia, é muito tranquilo. Volto ao banheiro. A casa está lotada. E muita gente no corredor. Mas os mictórios estão desocupados, opa...
E no espaço do fundo uma espécie de quadro grego, um culto dionisíaco, um amontoado de homens se beijando e beijando outras coisas mais.

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